12 maio 2005

Computadores antigos

Não estou falando daquele velho 586 encostado no quarto da empregada. Nem do IBM S/360 que um dia o seu professor de Fortran disse que usava na universidade. Estou falando de computadores realmente antigos, aqueles que foram feitos antes da invenção do transístor, antes da utilização da válvula eletrônica para a construção destes equipamentos, usando relês, motores elétricos, engrenagens, correias de transmissão, polias, eixos, resistores, capacitores, bobinas, quilômetros de fios e muita, mas muita imaginação e engenhosidade humana, tudo acondicionados em módulos funcionais do tamanho de vagões de trem.

Tais equipamentos foram usados em muitos países para atividades diversas, com sucesso e custos variados, de diferentes fabricantes e compradores. Tive a sorte de trabalhar, embora por pouco tempo, com uma máquina dessas no Jóquei Club do Rio de Janeiro. A nossa missão era substituir o venerável computador por uma máquina mais rápida, barata, flexível e com melhor suporte de peças e software; não que o velho computador não funcionasse mais, mas o estoque de peças estava no final (algumas eram feitas artesanalmente por pessoal do próprio Jóquei) e técnicamente não havia software, apenas firmware e não poderia ser reprogramado.

Durante algumas dias a equipe da qual eu fazia parte trabalhou furiosamente sobre esquemas elétricos, diagramas mecânicos, fotos, muita conversa com os operadores da máquina para substituir a antiga, mas somente o seu núcleo computacional e de controle, deixando parte do equipamento original intacta, permitindo ao nosso cliente manter a tradicional visão dos resultados das corridas para os apostadores. A substituição em si levou um par de meses para terminar.

Ganhei uma lição de vida ao ver as novas soluções de engenharia eletrônica funcionando lado a lado com as antigas; chips e microprogramação unidas com velhos relês de mercúrio e mostradores de fita analógicos, operados com tensões contínuas fornecidos por conversores trifásicos de centenas de kVA.

Prova suficiente de que quando quer, o conhecimento humano sabe aliar sem arestas o antigo com o novo.

2 comentários:

Anônimo disse...

E sendo (ou não), válido o ditado que diz que uma foto vale por mais de mil palavras, que tal escanear, primeiro, e talvez depois restaurar, as fotos de tal irreproduzível odisséia...

... bem... irreproduzível nos dias de hoje, pelo menos.

William de Castro e Silva disse...

André, o seu pedido está (parcialmente) satisfeito; vá em http://164.41.100.240/bytenosso/index.php/PreProcessador:Computador_da_ATL