19 junho 2005

ratDVD

Já se foi o tempo no qual a expressão "a rated DVD" poderia ser traduzida livremente por "um DVD revisto e classificado por críticos". Graças a um novo formato de compressão de filmes que está sendo usado com cada vez maior freqüência, o ratDVD, a mesma expressão poderia ser traduzida por "um DVD altamente comprimido".

Segundo o autor, tanto o novo formato, quanto o codec utilizados formam desenvolvidos do zero, "com umas poucas inspirações nos formatos MPEG2 e H.264", e permitem comprimir um DVD inteiro com extras, ângulos, trilhas de áudio, subtítulos e informações adicionais de gênero, atores, etc. em um arquivo único com tamanho entre 0.7 e 3 GBytes, com pouquíssima perda na qualidade de som e vídeo, podendo reconvertê-lo ao formato original para permitir a gravação em um DVD gravável de simples ou dupla camada, permitindo ainda ser reproduzido no PC usando um tocador de DVD qualquer.

Vale lembrar que um DVD típico contém normalmente de 6 a 8 GBytes de dados; com DVDs compactados em um arquivo tão pequeno, fica claro que as possibilidade de armazenamento e transferência de DVD via internet aumentam sensivelmente, mas quando perguntado sobre assunto, o autor disse que "o programa não foi criado para burlar os direitos autorais, mas óbviamente pode ser usado para isso, é uma decisão pessoal de quem o usa". O programa não quebra a proteção CSS, usada para proteger com criptografia o conteúdo dos DVDs comerciais.

Com propriedades tão controversas, era inevitável que o programa não chamasse a atenção da mídia. O site Cnet.com publicou um artigo no qual externa a preocupação de Hollywood e da MPAA com a ameaça do novo formato à industria de filmes.

O formato ainda está em versão beta, demora uma eternidade para comprimir um DVD e só funciona bem em computadores rápidos (> 2 GHz), mas como em informática seis meses são uma eternidade, pode ser que formatos como o Divx estejam com os dias contados...

E antes que me perguntem, sim, o ratDVD é grátis, tem componentes licenciados sob a GPL, mas o código fonte principal ainda não é aberto/open source.


18 junho 2005

Passeio na Ceasa

Fui hoje de manhã na Ceasa, em parte para dar uma olhada no que tinha para vender, em parte para passear. São impressionantes as coisas que se encontram lá: bacon de soja, docinhos de banana passa ao chocolate, pimentas variadas, grãos e farinhas as mais diversas, produtos do campo e da fazenda em geral. Nunca havia ouvido falar de bacon de soja; aparentemente é feito com uma mistura de farelo de soja e temperos, quando se prova lembra vagamente um bacon tostado. Vende-se como tempero, assim como o orégano e a pimenta branca.

O mais engraçado foi quando estava olhando uma banca, com diversos produtos de origem animal e vi cartelas e mais cartelas com ovos de galinha; aproximei-me e perguntei o preço. "Sete reais a cartela", disse a simpática vendedora. Como o preço estava um pouco acima da média, resolvi perguntar se eram ovos caipiras, embora não tivessem a mínima aparência de ser. - "Sim, são caipiras!", disse a vendedora, com uma ponta de orgulho. - "mas eles são bem grandinhos, e estão bem limpinhos...", retruquei. Explico-me: normalmente, os ovos caipiras são colocados por galinhas criadas soltas nos terreiros das fazendas do interior, normalmente as poedeiras são pequenas, franzinas e comem de tudo, o que normalmente as fazem colocar um ovo que além de delicioso, é muito mais nutritivo que os das galinhas de granja. Os ovos caipiras em geral são menores que os de granja, a cor da casca varia enormemente, desde um cor de rosa quase branco a um vermelho amarronzado escuro, a consistência da clara é bem maior e gema é de um amarelo forte; geralmente são criadas poucas galinhas e como a procura é grande, o preço normalmente é um pouco maior do que os ovos de granja, produzidos industrialmente.

A vendedora então me disse: "os ovos são maiores por que cuidamos pessoalmente das galinhas, de sua comida, de sua água e de tudo o mais" e me mostrou algumas fotos da fazenda, onde são criadas, segundo ela, em torno de oito mil galinhas. "Os ovos são lavados um a um, por isso não tem sujeira na casca, como se encontra em alguns ovos caipiras. São trazidos semanalmente de uma cidade chamada Paracatu, aproximadamente 220 km de distância de Brasília. O milho que as galinhas comem é plantado no local, por pessoal próprio. A clara não é aguada por que as galinhas não recebem hormônio para crescer mais rápidamente, como nas granjas, evitando que o animal beba água em excesso, devido a sede provocada pelo hormônio". Uma dedicação a excelência do produto raramente encontrada hoje.

Saí achando que os R$ 7 eram poucos por tanto trabalho, e levei uma cartela para experimentar o resultado de tal dedicação.